Milagre de Nossa Senhora Aparecida

12 de outubro de 2010. Dia de Nossa Senhora Aparecida.
Dia do aniversário da morte de Ana Lucas, minha vó e exemplo para minha vida.

A quatro anos minha vó nos deixou exatamente nesse dia, porém ao invés dessa data me trazer pesar pela sua morte, me traz paz e alento. Porquê?

Minha vó era sinônimo de alegria, mesmo a vida tendo sido difícil para ela, até mais do que para muitos de nós, ela manteve sua alegria. Um abraço ao lado de um sorriso... sua marca registrada! e Fé, extrema Fé em Deus e em Nossa Senhora da qual era devota.

Quando adoeceu e estava no hospital fui visitá-la, ainda lúcida, foi uma coisa boa de se ver. Estranho ir ao hospital ver alguém que amamos e encontrar algo bom de se ver? pois é, Ana Lucas é capaz disso. Transformar o cinza em colorido. Foi bom ver aquela senhora sorrindo como se estivesse hospedada num hotel cinco estrelas a me dizer: Deus provou que me ama, trouxe gente que eu não via há tanto tempo para me visitar que eu só posso estar feliz pelo presente que Ele me deu.

E, depois quando piorou e foi para a UTI, fui vê-la mas não era mais aquele sorriso que eu via, estava aparentemente inconsciente e não esboçava reação alguma. Fiquei ali parada olhando sem coragem de tocá-la e causar-lhe algum sofrimento e sentindo uma profunda dor por saber que iria perder alguém tão especial para todos nós.

Mas Deus em sua misericórdia para poupar-lhe de mais esse sofrimento levou-a, mas deixou para nós um alento: Mandou nossa Senhora vir buscá-la, então considero essa data não como uma perda irreparável de alguém a quem ainda amo e admiro e da qual herdei muitas coisas, mas de uma prova de amor de Deus para aquela que sempre pautou sua vida na fé e na generosidade de se dar a todos sem distinção.

Ana Lucas amava ler e aprendeu quase sozinha pois perdeu sua mãe ainda criança. Enfrentou adversidades tremendas não só pela morte da mãe e tudo que isso representa mas pela perda de um filho assassinado (meu pai). Como ela amava ler eu quis fazer um livro com a vida dela, pois sou diagramadora, para que pudesse ler sua própria história e ela me disse: minha vida tem muita coisa triste que eu não quero passar para ninguém.

Quando passei pelo sofrimento do desaparecimento do meu filho só queria uma coisa: o colo da minha vó Ana, que me chamava de minha celinha e eu a chamava de minha preta. Aquele colo me trazia uma paz enorme. Considero vovó que estou em teu colo pela eternidade da minha vida.

Sinto saudades e choro, pois o choro é presente para aqueles que tem bom coração. Mas, tenho a certeza que estás nos braços daquele a quem sempre servistes. Obrigada por ter me ensinado a colorir meu arco íris, a dentre outras pessoas, a manter a fé e servir a Deus acima de tudo.

Que Nossa Senhora, a quem sempre peço que interceda como mãe de Jesus pelas famílias do mundo inteiro, possa permanecer forte e nos distribuir o amor que só uma mãe maior tem para dar aos seus filhos. E em memória de Ana Lucas um grande dia cheio de felicidades e sorrisos estampados nos nossos rostos porque a vida é para ser assim: Repleta de alegria e quanto as dificuldades, bem deixemos que venham mas nunca nos entregaremos a elas pois são pequenas diante do Milagre diário que Deus nos proporciona.

Eu creio! Minha casa e meu ser servem a Deus.

Postei hoje por que vou viajar, visitar o vovó de Rubens de 102 anos (lúcido) que está no hospital e quero poder acariciar seus macios cabelos brancos aos quais sempre fiz isso quando o vejo, de tal forma que não preciso falar nada que ele sabe quem é: Entro calada acaricio e ele diz: é celinha pois sempre gostou do meu cabelo. Adotei você como meu avó também pelo carinho com que sempre me recebeu e peço ao Senhor Deus que seja feito o melhor para você Vovó Alfredo. Amém!