Principais Blocos Econômicos e o impacto
deles sobre o Brasil
Célia Regina L. Buarque de Souza (FACEX) celiabuarque@hotmail.com
Resumo: O presente trabalho tem como objeto uma visão
sobre os principais blocos econômicos e uma análise do impacto deles sobre o
Brasil. Buscou-se
referencial teórico em livro de Comércio Internacional e Câmbio, pesquisas em
Revistas online entre outros. Analisou-se os dados coletados e pode-se perceber
que há um aumento significativo do comércio internacional do Brasil com países
da África, China e uma queda com os países da União Européia e EUA. Nas
Exportações destaque para os produtos básicos 52,1%, semimanufaturados com
55,3% e manufaturados com 24,5%. Já nas Importações destaque para as categorias
de bens de consumo com um acréscimo de 55%, bens intermediários de 45,6% e bens
de capital 35,9%. Concluiu-se que para o
Brasil houve um recorde histórico de exportação e importação para o acumulado
de janeiro-maio com um melhor saldo mensal desde Junho-2009 (US$ 4,6 bilhões)
com destaque para a participação de minério de ferro e petróleo nas
exportações. Não há ainda efeito da crise européia nas exportações levando
assim a revisão da meta de 2010 para US$ 180 bilhões de exportação. Para
o Brasil o livre comércio tem se dado de forma bastante satisfatória com
aumento da sua balança comercial e incrementação de novos mercados a exemplo da
África e China e redução de outros como EUA e UE o que é positivo do ponto de
vista da diversificação de mercado.
Palavras-chave: Blocos Econômicos; Comércio Internacional; Brasil
1 Introdução
O presente trabalho tem como foco uma visão
sobre os principais blocos econômicos e uma análise do impacto deles sobre o
Brasil. Utilizou-se para a coleta de dados a modalidade de pesquisa bibliográfica
e visitas a sites especializados de Comércio Internacional. Para maior
compreensão do tema se fez uma breve passagem pela história para compor o
cenário onde surgiu a necessidade da criação desses blocos.
Após a Segunda Guerra Mundial surgiu à
necessidade de ampliar fronteiras e buscar novos mercados e então se precisou
criar mecanismos para que esses objetivos fossem alcançados, dentre outras
medidas, a criação dos Blocos Econômicos que de acordo com MUNDO VESTIBULAR
(2010) se pode definir como sendo (figura 1):
Associações
de países que estabelecem relações econômicas privilegiadas entre si. [...] Na América se
destacam o Nafta, o Mercosul e, em menor grau, o Pacto Andino e o Caricom; na
Europa, a UE e a Comunidade dos Estados Independentes (CEI); na África há o
SADC; na Ásia, o Asean. Também está em fase de implantação o bloco
transcontinental Apec, que reúne países da América e da Ásia, e continuam as
negociações para a formação de um bloco abrangendo toda a América, o Alca.
BLOCOS ECONÔMICOS NO MUNDO
Figura 1: Blocos econômicos no mundo
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Regional_Organizations_Map.png
Com a globalização a competição entre os
países ficou muito acirrada levando-os a buscarem parceiros na tentativa de
maximizar e multilateralizar o comércio internacional sabedores que diante do
novo cenário só os mais fortes sobrevivem. Esses acordos apresentam as
seguintes vantagens segundo RATTI (2000): “Isenção
ou redução do imposto de importação [...] não são todos os produtos que gozam
dessa regalia”. Cabe ao país participante determinar quais os produtos que
têm tratamento preferencial e suas particularidades. Essas interdependências
dos países desses blocos fazem com que fiquem vulneráveis a crises existentes nos
membros participantes, por outro lado, o contrário também acontece, o sucesso
comercial pode refletir em seus associados.
O primeiro bloco econômico segundo JÚNIOR
(2010) aparece na Europa em 1957 chamado de CEE – Comunidade Econômica Européia
considerado o embrião da atual União Européia. Nos anos 90 é fortalecida a
tendência de regionalização da economia com o desaparecimento dos dois grandes
blocos da Guerra Fria liderados pelos Estados Unidos e União Soviética
estimulando assim a globalização.
2. Principais Blocos e o impacto sobre o Brasil
De acordo com o MUNDO DO
VESTIBULAR (2010) Os blocos econômicos com maior destaque são: UE -
União Européia: Tem sua origem em 1957 na antiga CEE - Comunidade Econômica
Européia. Em 1991 é aprovado em Maastricht (Holanda) o Tratado da União
Européia, em 1992 consolida-se o Mercado Comum Europeu, com a eliminação de
barreiras alfandegárias entre os países membros. Os países integrantes são:
Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária. Chipre, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia,
Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia,
Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos (Holanda), Polônia, Portugal, Reino
Unido, República, Romênia e Suécia. Macedônia, Cróacia e Turquia se encontram
em fase de negociação. Estes países são politicamente democráticos, com um
Estado de direito em vigor. Com essa nova configuração a União Européia passa a
contar com uma população de quase 500 milhões de pessoas, 20 línguas oficiais,
o PIB (Produto Interno Bruto) em 2004 de aproximadamente 12,6 trilhões de
dólares, superior ao PIB americano (11,5 trilhões de dólares), tornando-se o
maior bloco econômico do planeta.
NAFTA - North American Free Trade Agreement: O
Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) é um instrumento de
integração das economias dos EUA, do Canadá e do México, Iniciado em 1988 por
norte-americanos e canadenses, o bloco recebe a adesão dos mexicanos em 1993.
Com ele, consolida-se o intenso comércio regional da América do Norte. O Nafta
entra em vigor em janeiro de 1994, com um prazo de 15 anos para a total
eliminação das barreiras alfandegárias entre os três países membros, Canadá,
EUA e México.
MERCOSUL - Mercado Comum do Sul: Criado em 1991. Em
1995, instala-se uma zona de livre comércio, situação em que cerca de 90% das
mercadorias fabricadas nos países membros podem ser comercializadas
internamente sem tarifas de importação. O Mercosul cuja estrutura física e
administrativa esta sediada em Montevidéu, tem um mercado potencial de 220
milhões de consumidores e um PIB de 1,1 trilhão de dólares. Deve-se considerar
também que, no decorrer do século 21, a água será um elemento estratégico
essencial, e neste caso é importante destacar que dentro do Mercosul estão as
duas maiores bacias hidrográficas do planeta: a do Prata e a da Amazônia. O
Mercosul tem como atuais membros Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai,
Venezuela.
ASEAN - A Associação das Nações do Sudeste
Asiático (Asean) surge em 1967, na Tailândia, com o objetivo de assegurar a
estabilidade política e de acelerar o processo de desenvolvimento da região.
Hoje, o bloco representa um mercado de 510 milhões de pessoas e um PIB de 725,3
bilhões de dólares. A eliminação das barreiras econômicas e alfandegárias
entrará em vigor no ano 2002. Em 1999, a Asean admite como membro o Camboja.
Membros - Indonésia, Malásia, Filipinas, Cingapura, Tailândia(1967), Brunei
(1984), Vietnã (1995), Mianmar, Laos (1997), Camboja (1999).
CARICOM - O Mercado Comum e Comunidade do Caribe
(Caricom), criado em 1973, é um bloco de cooperação econômica e política
formado por 14 países e quatro territórios. Em 1998, Cuba foi admitida como
observadora. O bloco marca para 1999 o início do livre comércio entre seus
integrantes. Membros - Barbados, Guiana, Jamaica, Trinidad e Tobago (1973);
Antígua e barbuda, Belize, Dominica, Granada, Santa Lúcia, São Vicente e
Granadinas, São Cristóvão e Névis (1974); Suriname (1995); Bahamas torna-se
membro em 1983, mas não participa do mercado comum. O Haiti é admitido em julho
de 1997, porém suas condições de acesso ainda não foram concluídas.
Territórios: Montserrat (1974); ilhas Virgens Britânicas, Ilhas Turks e Caicos
(1991); Anguilla (1999).
Segundo a WIKIPÉDIA (2010), o
outro Bloco Econômico em destaque é o SACU- A União Aduaneira da África Austral (UAAA),
também conhecida pela sigla em inglês SACU (Southern Africa Customs
Union) é uma união aduaneira de cinco países do sul de África. A UAAA é a
união aduaneira mais antiga do mundo ainda em vigência (a exemplo do já extinto
Zollverein alemão de 1834 que precedeu a unificação do território da atual
Alemanha). Foi criada em 1910 como Acordo de União Aduaneira entre a
então União da África do Sul e no Alto Comissariado dos Territórios
Bechuanaland, Basutoland e Suazilândia. Com o advento da independência destes
territórios, o acordo foi atualizado e em 11 de Dezembro de 1969, foi relançado
como UAAA com a assinatura de um acordo entre a República da África do Sul,
Botswana, Lesoto e Suazilândia. O sindicato, oficialmente atualizado, entrou em
vigor em 1 de Março de 1970. Após a independência da Namíbia da África do Sul
em 1990, entrou para a UAAA como o seu quinto membro. O seu objetivo consiste em manter o livre intercâmbio de
mercadorias entre os países membros. Ele prevê uma pauta externa comum e uma política
comum imposta pela pauta aduaneira comum para esta zona. Todas as alfândegas e
os impostos recolhidos na área aduaneira comum são pagas na África do Sul
revertendo para o Fundo Nacional de Receita. A receita é partilhada entre os
membros, de acordo com uma fórmula de partilha de receitas, tal como descrito
no acordo. A África do Sul é o depositário. Apenas Partes dos Estados-Membros
são calculadas com a África do Sul para receber o residual. As receitas
constituem uma parte substancial da receita do estado dos países membros.
Apresentou-se os dados
econômicos para o impacto dos blocos econômicos frente ao Brasil para
visualização através de tabelas e se pode perceber que, segundo o MIDC (2010) a meta de exportação para 2010 é de US$ 180 bilhões o que equivale a +17,6% sobre 2009 revelando que houve um recorde
histórico de exportação (Tabela 1) e importação
para o acumulado de janeiro-maio (Tabela
2); Melhor saldo mensal desde Junho-2009 (US$
4,6 bilhões); Destaque para a participação de minério de ferro e petróleo nas
exportações (Tabela
3).; Não há ainda efeito da crise européia nas
exportações.
TABELA 1: Pode-se perceber
um aumento significativo de exportação para a África de 37,2%
e uma queda de 15,9% para
os EUA.
Fonte: MDIC - Balança Divulgação Maio Final 2010
TABELA 2: Pode-se perceber
um aumento significativo das importações oriundas da Ásia de 28,0%
para 30,4% e uma queda dos
produtos oriundos dos EUA 17,9% para 15,0% e da União Européia
de 23,1% para 21,5%.
Fonte: MDIC - Balança Divulgação Maio Final 2010
TABELA 3: Pode-se perceber
um aumento significativo das importações oriundas da Ásia de 28,0%
para 30,4% e uma queda dos
produtos oriundos dos EUA 17,9% para 15,0% e da União Européia
de 23,1% para 21,5%.
Fonte: MDIC - Balança Divulgação Maio Final 2010
Importações
por categoria de uso em Maio-2010/2009, cresceram as categorias de bens de
consumo (+55%), sendo +75,9% de bens duráveis (automóveis: 72,5%, Argentina,
Coréia do Sul e México), combustíveis e lubrificantes (+47,9%, por conta do
aumento do preço de petróleo e de quantidade/preço de diesel, gás e carvão),
intermediários (+45,6%) e bens de capital (+35,9%). Já para as exportações e os
fatores agregados apresentam os presentes dados: Comparação
Maio-2010/2009: destaque nos básicos => petróleo (+175%, US$ 1,7 bi), minério de ferro
(+160%, US$ 2,2 bi), carne bovina (+46%, US$ 455 mi), café em grão (+19%, US$
322 mi) e carne de frango (+17,5%, US$ 470 mi); semimanufaturados => alumínio em bruto (+219%, US$ 114 mi), celulose
(+102%, US$ 402 mi), couros e peles (+65%, US$ 156 mi), e açúcar em bruto
(+57%, US$ 773 mi); e manufaturados =>
máquinas e apars. p/terraplanagem (+225%, US$ 123 mi), óxidos e hidróxidos de
alumínio (+224%, US$ 150 mi), veículos de carga (+118%, US$ 133 mi), laminados
planos (+76%, US$ 133 mi), óleos combustíveis (+61%, US$ 304 mi), autopeças
(+56%, US$ 301 mi), aviões (+39%, US$ 283 mi), automóveis (+40%, US$ 368 mi), e
bombas e compressores (+28%, US$ 117 mi).
3 Conclusão
Conclui-se que o comércio internacional tem
se intensificado no mundo inteiro e que os Acordos Internacionais de Comércio é
a mais moderna das relações econômicas sendo até maior que os blocos. No
passado, e até atualmente, os países se associam aos seus parceiros regionais
para criarem blocos e assim se mostrarem fortalecidos diante dos gigantes
existentes. Essa realidade pode vir a mudar como forma de ser criado um livre
comércio internacional, quando alguns países abrirem mão dos protecionismos que
hoje utilizam. Para o Brasil o livre comércio tem se dado de forma bastante
satisfatória com aumento da sua balança comercial e incrementação de novos
mercados, a exemplo da África e China e redução de outros como EUA e UE o que é
positivo do ponto de vista da diversificação de mercado. Só o futuro dirá se
isso virá a ser realidade vai depender, basicamente, da competência e visão
macroeconômica dos gestores desses países.
REFERÊNCIAS
JÚNIOR,
Wilson Fernandes Bezerra. Comércio Internacional e os Blocos Econômicos.
Disponível em: http://www.nead.unama.br/site/bibdigital/pdf/artigos_revistas/251.pdf.
Acessado em 12.10.2010.
MIDC. Balança Divulgação Maio Final 2010. Disponível
em: http://www.desenvolvimento.gov.br
/sitio/interna/index.php?area=5?. Acessado em 12.11.2010.
/sitio/interna/index.php?area=5?. Acessado em 12.11.2010.
MUNDO DO VESTIBULAR. Disponível em: .
Acessado em 12/11/2010.
RATTI, Bruno. Comércio Internacional e câmbio. 10ª.
ed. São Paulo: Aduaneiras, 2000.
WIKIPÉDIA. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Regional_Organizations_Map.png.
Acessado em 12.11.2010.
Trabalho apresentado a disciplina de Análises Econômicas II no 4º período.